segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CAPÍTULO II – CHOQUE VISUAL E O PADRÃO OCULTO

Uma das características do punk – talvez a mais evidente – é o visual que nos remete a um choque estético. Roupas velhas simbolizando a luta anticonsumista, moicanos simbolizando a guerra contra o sistema capitalista, coturnos mostrando uma postura antimilitar (pois todos são capazes de se “policiar” sozinhos e em cooperação, sem a necessidade de uma entidade estatal para isso), os cadarços coloridos sugerindo diversas ideias que o punk abarca, patches costurados em roupas propagando ideias e bandas da contracultura (cultura alternativa), entre outras peculiaridades.

Sem dúvida, o punk quebra com os padrões que nos são impostos pela televisão, pelas revistas e por vários canais que contribuem com o massacre capitalista. Mas, não teria o punk se uniformizado nessas características tão peculiares? Na minha visão, não!

Enquanto o visual punk chocar, então será uma prova de que a sociedade ainda carrega em si preconceitos e moralismos moldados e impostos. Torna-se necessário dizer que nem todo punk usa visual e muitos buscam formas alternativas de se vestir, para que o punk continue sua autonomia em ser o que quiser, sempre respeitando as diversidades.

Infelizmente, o que acontece tantas e tantas vezes, é o desrespeito de punks para com outros punks e de punks para com outras pessoas.

É comum ver brigas por conta de “tal punk usar tal acessório”, “tal punk usar tal cor” entre outras idiotices. O que importa, afinal, não é a união e a quebra de padrões? Então para que essas brigas que não levam a nada e só criam separatismo dentro do movimento?

E o pior de tudo são preconceitos com outras formas de se vestir. Pessoas que se dizem punks, antipadrão, mas que ao ver algum estilo alternativo, por exemplo, são os primeiros a criticar e tirar a liberdade do próximo. Onde esses “punks” querem chegar com tanta hipocrisia e mediocridade? Se somos contra padrões e a favor das liberdades, por favor, não tirem a liberdade dos outros e não tentem criar um novo padrão de como se vestir ou não se vestir. Nossos inimigos são as grandes empresas exploradoras, o governo, o Estado; não as pessoas que fazem parte da massa. No mais, devemos conscientizar a população, nunca impor ou apontar o dedo na cara de alguém. Muitas vezes, aliás, na maioria das vezes, as pessoas nem fazem ideia de que estão colaborando com o sistema tal como ele é. Conscientização, sim! Imposição nunca!

Façamos o choque cultural e respeitemos tantos outros visuais, afinal, a proposta do punk é justamente a liberdade e o respeito às diferenças. Se nós formos sensatos o bastante para entender as diferenças e conscientizar a respeito dos costumes atuais que dilaceram o indivíduo, então as pessoas respeitarão mais o punk, tal como queremos ser respeitados.

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