segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CAPÍTULO XI – A SOCIEDADE LEIGA X IMEDIATISMO NA MILITÂNCIA


O principal campo de ação de um libertário é a conscientização e a propagação do ideal. Quando falamos de conscientização, estamos falando sobre passar informações para pessoas que ainda não as têm.

A sociedade, em geral, nunca se questionou sobre muitas questões que o punk geralmente questiona. E por isso a propagação para essas pessoas deve ser de forma delicada e cautelosa.

A princípio, a sociedade se assusta com o ideal libertário, pois para muitos indivíduos, a noção de viver sem governo e sem Estado soa absurda. Mas é importante levar à discussão novas formas de organização, pela formação de associações e federações que propõem atender de forma mais satisfatória toda a população (para mais informações a respeito de organizações horizontais, busque livros de autores anarquistas). O problema é que as pessoas, em sua maioria, nunca leram a respeito de organizações autônomas (aliás, se você é punk e não sabe o que é federalismo libertário, fica a dica de procurar a respeito. Essas informações lhe darão muito mais basepara prosseguir a luta. E se você não é punk e desconhece o federalismo, vale a pena ler sobre o tema também). Como o povo desconhece a organização libertária, não podemos passar nossas ideias de forma subjetiva. Qualquer palavra mal colocada pode voltar a população contra os libertários, por simples mal entendido.

Não adianta querer ser imediatista, apontar o dedo na cara, falar dos erros dos outros. Pare para pensar: em 90% dos casos, as pessoas não tem noção de que estão cometendo atos que favorecem o Estado, enquanto esse mesmo Estado está organizado para perpetuar desigualdades e opressões. 

E atenção para o que vem a seguir: o punk nunca foi, não é, nunca será e nem deve ter a pretensão de ser o dono da verdade. Acha que só porque você é punk tem mais moral que outro cidadão? Deixa de ser egocêntrico! Ninguém é obrigado a aceitar suas opiniões. Justamente por isso não devemos nunca apontar o dedo e “censurar” os erros alheios. O que devemos fazer é sugerir novas formas de ação, sugerir a reflexão de seus atos. SUGERIR!

Do que adianta falar mal de quem é consumista, de quem é egoísta, de quem concorda com a política atual se ao falarmos mal perdemos a chance de SUGERIR novas ações a essas pessoas?

Com o imediatismo acabamos repelindo a sociedade da luta libertária. Quem se sentiria à vontade de participar de ações onde os militantes são cheios de si, falam mal dos outros, criticam, não dão apoio, arrumam confusão e não pensam no lado dos outros? Eu, como cidadão comum, certamente não me sentiria à vontade, como não me sinto à vontade com o Estado, que funciona através dessas "lógicas" e incentiva tais posturas.

Devemos saber entender o ponto de vista dos outros. Isso não significa concordar com suas ideias. Significa refletir, se colocar no lugar do próximo, pois só assim poderemos balancear as posturas, podendo sugerir ações em consenso. Devemos ser "psicólogos" e militantes, devemos ser ouvintes e oradores!

Se conseguirmos manter um debate saudável, sem agressões verbais, com uma pessoa que pensa diferente de nós, mais conseguiremos encontrar caminhos e argumentos para contrapor as ideias repressoras. É questão de lógica: ouça os argumentos inimigos ou leigos, aprenda a se defender dessas objeções. Para o libertário convicto, não há objeção que destrua o ideal!

Portanto, temos que cuidar para não nos exaltar em debates, pois isso tira nossa razão e nos torna pessoas que não sabem se portar diante de diálogos e diferenças.

Temos consciência de nossas ideias. Temos consciência de que muitos não têm informações que nós temos e temos a consciência de que é normal que as pessoas se oponham, a princípio, ao nosso ideal. Mas com determinação, paciência e respeito conseguiremos divulgar de forma mais sensata o ideal libertário.

O povo irá adquirir consciência aos poucos, assim como nós, que fomos aprendendo um pouco a cada dia dentro de nossa militância. E continuamos aprendendo, inclusive com as pessoas que nós mesmos julgamos leigas.

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