segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CAPÍTULO XII – LIBERTAÇÃO HUMANA E ANIMAL


Mulheres, homens, crianças, idosos... Todos explorados! Todos destratados perante esse sistema! Somos usados apenas como meio de satisfazer os interesses de grandes capitalistas, praticamente (ou literalmente) escravizados, sem possibilidade de escolhas, sem possibilidade de participação em importantes decisões.

O sistema nos prende, nos faz servi-lo, nos direciona ao caminho da dor, do sofrimento e da morte.

Durante toda a história nos deparamos com abusos de poucos privilegiados sobre uma maioria de desfavorecidos. Por aqui, esse mecanismo ainda acontece. É por meio da exploração das classes mais desfavorecidas que aqueles que detêm o poder mantêm seus privilégios, pelo abuso da autoridade, pelo monopólio dos meios de produção, pelo uso da Lei de forma desigual. 

Carregamos o fardo de episódios históricos nos quais a subjugação de povos desprivilegiados foi utilizada como catapulta para os interesses alheios.  Podemos citar o massacre europeu aos nativos do continente americano na época da colonização, a escravidão de negros em séculos passados, a perseguição de judeus pela política nazista alemã, a violência aceita e dogmatizada do homem contra a mulher em diversos campos sociais – incluindo campos religiosos –, entre tantos outros casos. E seguimos nos organizando como sociedade com a herança, muitas vezes inconsciente, de toda essa opressão. 

E como se não bastasse tanta exploração de um ser sobre outro, quando deveríamos caminhar todos juntos pelo bem geral, ainda assistimos o mundo e sua diversidade serem devastados! Vemos o meio ambiente sendo destruído para que esse sistema desigual seja expandido, para que mais seres sejam explorados, para que mais capitalistas ganhem fortunas enquanto milhares sofrem e às vezes nem têm o que comer! Hoje respiramos ar poluído, sofremos com o aquecimento global, sujamos e ignoramos a natureza, tudo por conta de um sistema que não nos permite viver em harmonia com os seres e com o mundo.

A essência do punk deve estar em oposição a tudo isso! O punk não pode se conformar que tantos seres sejam explorados para satisfazer os interesses de poucos! O punk não pode se conformar com a destruição de um mundo que pode ser aproveitado e cuidado por todos!

Eis que entro em um ponto ignorado ou desrespeitado por muitos punks: a questão da libertação animal em prol dos ideais libertários.

Quando falamos em acabar com as desigualdades e com o preconceito, contra a exploração e contra a devastação do meio ambiente, torna-se necessário olhar com atenção para a causa animal.

Assim como os seres humanos, os animais também têm sentimentos, sentem medo, dor, afeição e tantas outras coisas que todos os seres sencientes (seres vivos que possuem a capacidade de ter sentimentos e sensações) possuem. Não é porque os animais não sabem falar ou não possuem polegar opositor que eles são inferiores. As pessoas certamente não explorariam/matariam um bebê só porque este não sabe falar ou usar suas capacidades motoras. 

Assim como vivemos explorados, em luta constante pela sobrevivência, e queremos nos afastar das heranças opressoras que nos foram deixadas ao longo da história, podemos estender essa consciência aos animais. Não há distinção! Os humanos aprisionam animais, maltratam, exploram e os utilizam da forma que bem entendem, sem levar em conta as dores que causam a estes animais e o direito à vida que eles possuem.

Especismo (a ideia de que uma espécie de vida é superior à outra) também é opressão.
Para que causar dor e exploração a alguém quando podemos e devemos lutar por alternativas?

E o problema não para por aí! Se nós, libertários, nos importamos com a preservação do meio-ambiente e com a fome mundial, é ainda mais absurdo virar a cara para a causa animal! A criação de gado e de animais de consumo, além da violência, causam o desperdício de recursos, espaço, água e energia, levando a maior dano ambiental e, consequentemente, à queda na qualidade de vida de animais humanos e não-humanos.

A questão da libertação animal não se trata de uma dieta. A dieta vegetariana não é a luta em si. É apenas uma consequência de uma luta que busca findar a exploração animal e a lógica da opressão de um sobre o outro. 

Nós, libertários, não podemos nos habituar a quaisquer tipos de repressão, massacre e exploração que sejam! A exploração animal não combina com o ideal libertário, querendo ou não. É necessário saber enxergar isso!

Ok. Se você é libertário e não quer militar pela libertação animal, é uma escolha sua. Mas pense muito bem antes de criticar um ativista da causa animal, pois ele pode estar sendo muito mais coerente em seus discursos e atitudes que você.

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